domingo, 20 de abril de 2008

A perspectiva psicanalítica da personalidade

Isto é apenas um resumo.

Por:
Profª. Conceição A. Serralha


A pré-história da Psicanálise

- Hipócrates =>nascido em 460 a.C. – 1ª tentativa de descrever a Histeria = manifestações vinculadas a um deslocamento do útero.


Platão e Sócrates

“A matriz é um animal que deseja ardentemente engendrar crianças. Quando fica estéril por muito tempo, depois da puberdade, aflige-se e indigna-se por ter de suportar semelhante situação e passa a percorrer o corpo, obturando todas as saídas de ar. Paralisa a respiração e impele o corpo para extremos perigosos, ocasionando ao mesmo tempo diversas enfermidades, até que o desejo e o amor, reunindo o homem e a mulher, façam nascer um fruto e o recolham como de uma árvore”.

- Galeno (ano 170) => considera absurda a opinião de Sócrates e Platão. Histeria => provocada pela retenção do sangue menstrual ou do sêmen feminino.
- Serapião (século IX) => médico árabe. Histeria => devida à continência sexual.

Idade Média (476 a 1453):

- Histeria => distúrbios psíquicos ou nervosos sob influência do demônio.

- A partir de 1500 => os médicos liberaram a histeria da influência demoníaca. Voltaram a considerá-la do ponto de vista somático.

Finais do século XVI e início do século XVII:

- Histeria => fatores emocionais como causas desencadeantes.

- Charles Lepois (1616) => os nervos dominavam o panorama histérico. Reconheceu a histeria masculina e a infantil.

Charcot:

- Histeria => doença que não tinha um referencial anatômico, mas com uma sintomatologia bem definida, afastando a hipótese de simulação.

- Era uma doença funcional com um conjunto de sintomas bem definido. Doença feminina e masculina

- Conversão => as paralisias eram conseqüências de representações, dominantes no psiquismo do paciente em momentos em que este se encontrava num estado de disposição especial.

Breuer:

“os sintomas dos pacientes histéricos baseiam-se em cenas de seu passado que lhes causaram grande impressão mas foram esquecidas (traumas); a terapêutica, nisto apoiada, consistia em fazê-los lembrar e reproduzir essas experiências num estado de hipnose (catarse); e o fragmento de teoria disto inferido, dizia que esses sintomas representavam um emprego anormal de doses de excitação que não haviam sido descarregadas (conversão)”.

Freud e Breuer

“Conduzíamos a atenção do paciente diretamente para a cena traumática na qual o sintoma surgira e nos esforçávamos por descobrir o conflito mental envolvido naquela cena, e por liberar a emoção nela reprimida”.

Fatores acrescentados ao processo catártico por Freud que o transformou em Psicanálise:

o A teoria da repressão e da resistência
o O reconhecimento da sexualidade infantil
o A interpretação e a exploração dos sonhos como fonte de conhecimento do Inconsciente.

“a psicanálise traz à tona o que há de pior nas pessoas”

“qualquer pessoa ao primeiro contato com as realidades desagradáveis da análise, pode reagir fugindo; eu próprio sempre havia sustentado que na compreensão da análise, cada indivíduo é limitado por suas próprias repressões (ou antes, pelas resistências que as sustentam) de modo que não podem ir além de um certo ponto em sua relação com a análise.” (Freud)

INCONSCIENTE

o Para Freud, o inconsciente não é o contrário do consciente, É o grau preparatório do consciente e, ainda mais exatamente, é o verdadeiro psiquismo, o psiquismo real.

Antigo provérbio: “Um lapso verbal delata o verdadeiro estado da mente”

o Freud foi quem primeiro sustentou, de modo sério e consistente, que os lapsos e fenômenos relacionados são o resultado de uma ação proposital e intencional do indivíduo em questão, embora a intenção seja inconsciente.
o Esquecimento => é o mais simples dos lapsos ou parapraxias. Tais lapsos são, na maioria das vezes, a conseqüência direta da repressão. A motivação desta é evitar a possibilidade do desenvolvimento da ansiedade, ou culpa, ou ambas.

Técnicas para o desvelamento do Inconsciente:

o Associação Livre => associações espontâneas e de fluxo livre de idèias e sentimentos.
o Interpretação => informação sobre algo que se refere ao paciente, mas que ele não tem conhecimento.
o Interpretação dos sonhos =>decodificação do sonho; voltar a encontrar aquele conjunto representacional oculto, descobrindo assim a rede de sua organização interna.

Sonhos

o Freud => o sonho é o guardião do dormir.
o O sonho é formado pela confluência destas duas direções:
- a atual, o “resto diurno”.
- a inconsciente, infantil.
o Para Freud, o sonho é uma realização alucinatória de desejos:
- um desejo não se satisfaz nunca, só se realiza alucinatoriamente.
- a natureza onírica nos faz entrar em outros produtos mentais intimamente vinculados a ela: as fantasias, os devaneios, o imaginário.

Conteúdos dos sonhos

o Manifestos => são aqueles que a pessoa pode se lembrar e sobre o que ela conscientemente reflete.

o Latentes =>são os conteúdos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa.

Elaboração do sonho

São operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto.

Disfarce e distorção => às vezes são tão grandes que o aspecto de satisfação do desejo do sonho manifesto fica irreconhecível.

A estrutura da mente

Id

o Pólo psicobiológico da personalidade, constituído fundamentalmente por pulsões.

o Conteúdos fantasmáticos => hereditários e adquiridos.

o É o reservatório e a fonte da energia psíquica, sendo o Ego e o Superego originários dele. Parte obscura e impenetrável da personalidade. Contém os impulsos de vida (pulsões sexuais e de autoconservação) e de morte.

o Assemelha-se ao Inconsciente => reina o princípio do prazer = processo primário.

Ego

o Instância central da personalidade, pólo psicológico.
o Gênese => Id em contato com o mundo externo.
o Surge progressivamente. É uma organização que tende a uma unidade, proporcionando estabilidade e identidade.
o Acumula funções do Cs e Pcs. Está a serviço da autoconservação, conciliando exigências do Id, do Superego e do mundo exterior. Atua como amortecedor das exigências instintivas do Id, adaptando-se à realidade externa.

Superego

o Herdeiro do complexo de Édipo, constituído pelo precipitado das identificações com as exigências e proibições dos pais.

o Constituído por aspectos dos pais e identificado com o superego dos pais => valores da cultura em que a pessoa viveu.

o Constitui-se também de mandamentos éticos => conjuntos de crenças e preconceitos carregados afetivamente.

o Duas operações:
1) Função proibitiva = “voz da consciência”.
2) Função idealizadora = exigência a imitar. Ideal de Ego => objetos amados. Superego => objetos temidos.

o Pólo psicossocial. Nasce da grande proibição exercida pelos pais e pela cultura sobre os desejos incestuosos da criança.

Mecanismos de defesa do Ego

- Processos que distorcem a realidade para proteger o Ego contra as pulsões dolorosas ou ameaçadoras que provêm do Id.

Repressão

- mecanismo que repele os pensamentos ameaçadores, enviando-os de volta ao Ics;
- bloqueio da consciência daqueles sentimentos e experiências que despertam ansiedade. Ex: estresse pós-traumático, incesto.
Regressão

- volta ao comportamento de um estágio anterior durante períodos estressantes, para tentar recuperar a segurança lembrada. Ex: um homem agitado, que pode tentar aninhar-se no seio da esposa.

- é mais perceptível nas crianças.

Deslocamento

- ocorre quando alguém desvia o alvo de medos ou desejos inconscientes.

- quanto mais o alvo se parece com o provocador, mais será a agressão deslocada. Ex: um homem humilhado pelo chefe, vai para casa, bate nas crianças e chuta o cachorro.

Racionalização

- explicações lógicas de comportamentos, após o fato, que, na realidade, foram pulsionados por motivos internos inconscientes.

- as explicações dadas não estão relacionadas com as causas verdadeiras. Ex: um homem que atravessa o país para ficar perto de uma pessoa sexualmente atraente, pode explicar, inclusive para si mesmo, que estava procurando melhor oportunidade de trabalho ou novos desafios.

Sublimação

- canalização de impulsos sexuais ou agressivos perturbadores para atividades “aceitáveis” como estudo, trabalho, esportes e hobbies.

- a sociedade seria um meio de afastar a energia sexual de finalidades sexuais e direcioná-las para metas sociais. Ex: a arte.

Projeção

- atribuição de pensamentos e motivos inaceitáveis a outra pessoa.

- as ameaças internas sentidas são atribuídas àqueles que estão à sua volta. Causa do preconceito e da guerra, segundo Freud.

Formação reativa

- dizer o contrário daquilo que realmente se sente.

- muitas pessoas aparentemente “morais” estão de fato lutando, de maneira desesperada, contra a própria imoralidade.


- a percepção que elas têm do self é severamente ameaçada e o self (o ego) distorce esses impulsos inconscientes e transforma-os em seus opostos.

Negação

- recusa em reconhecer um estímulo que provoca ansiedade.

- as pessoas podem também distorcer alguns aspectos de dada situação, minimizando o acontecimento, por exemplo.