domingo, 20 de abril de 2008

MECANISMOS DE DEFESA DO EGO

Ego => situado entre o Id e o meio ambiente e constantemente controlado pelo superego, o ego encontra-se em posição difícil, o que lhe provoca angústia e mobiliza o processo defensivo.

Por: Conceição Alves Serralha.


Mecanismos de defesa => são utilizados pelo ego em sua luta contra perigos intrapsíquicos e extrapsíquicos ou ambientais; são técnicas diferentes que o ego emprega em sua luta contra as exigências instintivas. Segundo Anna Freud, alguns mecanismos de defesa conseguem dominar grandes cargas instintivas ou afetos, enquanto outros conseguem controlar apenas quantidades pequenas. O Ego recorre à repressão quando necessita combater, principalmente, os desejos sexuais. A repressão é o mecanismo de defesa que oferece maior perigo, por causa da dissociação simultânea que produz no ego. Os outros mecanismos são empregados diante de impulsos agressivos ou apenas complementam o que a repressão deixou inacabado ou o que retorna das idéias proibidas quando esta falhou.

1) Repressão => processo em que a libido do sistema pré-consciente é subtraída, de modo que um ato psíquico não possa encontrar o caminho que conduz ao sistema consciente e, portanto, tornando-se ou permanecendo inconsciente. A função exclusiva da repressão é rechaçar e manter distanciados do consciente determinados elementos, através de um esforço contínuo e permanente, significando um dispêndio constante de energia. O que a repressão faz é impedir a relação com o sistema consciente e a atuação do instinto no mundo exterior. Quando a representação a censurar supera um grau de catexia, surge o conflito e a defesa é imediatamente mobilizada. Um indivíduo apresenta-se inibido como expressão do seu mecanismo interno defensivo repressor.

2) Regressão => processo que conduz a atividade psíquica a uma forma de atuação já superada, evolutiva e cronologicamente mais primitiva do que a atual. O indivíduo requer gratificações instintivas e, se não pode obtê-las no nível que já alcançou, regressará a uma fase anterior em que experimentara satisfações mais completas. Geralmente, produz-se como conseqüência de uma grande decepção ou intenso temor, quase sempre o temor consciente ou inconsciente ao castigo. Refere-se à atuação mágica, ou seja, a um tipo de expressão que é característico de um ego imaturo.

3) Isolamento => faz com que se considere separado aquilo que, na realidade, permanece unido. Esse tipo de defesa observa-se particularmente nos neuróticos obsessivos, que conhecem conscientemente, na maioria dos casos, o fato que foi a causa dos seus sintomas, mas não sabem conscientemente que os mesmos sintomas provêm daquela vivência.

4) Anulação ou reparação => Realização de um ato determinado com a finalidade de anular ou reparar o significado de um anterior.

5) Formação reativa => leva o ego a efetuar aquilo que é totalmente oposto às tendências do id que se pretende rechaçar. Num esforço para criar formações reativas como defesa contra os instintos, originam-se traços caracterológicos de natureza distinta. Ex: se a pessoa luta contra tendências anais, desenvolverá hábitos de limpeza, de ordem e economia obsessiva; se ela luta contra tendências agressivas, cairá numa bondade indiscriminada e rígida.

6) Identificação => representa a forma mais precoce e primitiva de vinculação afetiva. Consiste em sua forma mais típica, em transferir o acento psíquico do objeto para o ego, ou seja, o ego incorpora o objeto. A identificação pode ser parcial ou total. Num caso de identificação parcial, por exemplo, o aluno fuma cachimbo, como faz o professor; mas numa identificação total ele estuda e mantém uma atitude geral idêntica à do mestre.

7) Projeção => o indivíduo atribui a um objeto externo suas próprias tendências inconscientes inaceitáveis para seu superego, percebendo-as então como características próprias do objeto. Nas crianças e nos primitivos, em muitos casos ocorre o animismo, mecanismo de projeção consideravelmente desenvolvido e pelo qual se atribuem propriedades humanas a objetos inanimados. A projeção consiste, portanto, em atribuir tendências próprias a outras pessoas ou coisas. É o mecanismo defensivo mais destacado na paranóia.

8) Sublimação => adaptação lógica e ativa às normas do meio ambiente, com proveito para nós mesmos e para a sociedade, dos impulsos do id, rechaçados como tais pelo ego numa função harmônica com o superego. Forma de satisfação indireta. Processo pelo qual um instinto abandona seu objetivo original, uma vez que, pelo princípio de realidade, a satisfação poderia originar um desprazer (castigo). Desse modo, o instinto elege um novo fim, em relação com outro objeto, seja pessoa ou coisa, que concilie as exigências do princípio de realidade e do superego, e que, além disso, tenha um sentido plenamente aceito pela sociedade. A sublimação produz prazer, a formação reativa não.