quarta-feira, 23 de abril de 2008

COMUNICAÇAO HUMANA E RELAÇOES INTERPESSOAIS

por:Cássia, Neto, Hohana e Vanessa.



Introdução



Kurt Lewin, desde sua chegada à América, preocupou-se em definir cientificamente aquilo que ele foi o primeiro a chamar de “dinâmica dos grupos”.Com esta finalidade questionou e redefiniu as metodologias e as teorias tradicionais em psicologia social.
Kurt Lewin lançou-se simultaneamente,à exploração de três problemas-chaves que o levaram a descobertas sobre a gênese e a dinâmica dos agrupamentos humanos, considerados atualmente geniais.
As descobertas mais difinitivas em psicologia social após a morte de Lewin foram realizadas a partir de esquemas guestaltistas e no interior de projetos de pesquisas-açoes sobre os micro-fenômenos de grupo.O balanço dos dados adquiridos desde Lewin sobre estes três problemas-chaves,à saber: a comunicação humana, o aprendizado da autenticidade, o exercício da autoridade em grupo de trabalho.

UMA INTUIÇAO DE GENIO

Foi preciso o gênio de Lewin, sua capacidade de atenção, de vigilância e seu acompanhamento dos processos em causa no grupo de trabalho, para identificar com tanta perspicácia e penetração o obstáculo fundamental à integração dos agrupamentos humanos e à sua criatividade.
Kurt Lewin conseguira desde há algum tempo agrupar em torno dele uma equipe de pesquisadores e organizar com eles seu Centro de Pesquisas em Dinâmica dos Grupos, no M.I.T.
Um dia, entretanto, no momento em que a auto-avaliaçao parecia uma vez mais encaminhar-se para uma constatação negativa, Kurt Lewin, enunciou a seguinte hipótese: “se a integraçao entres nos não se realiza e se, paralelamente, nossas pesquisas progridem tão pouco, tal fato pode ocorrer em razão de bloqueios que existiram entre nos ao nível de nossas comunicações”.
Desta hipótese Kurt Lewin quis extrapolar um implicação imediata. “Se minha hipótese é valida, teremos que consentir em questionar nossos modos atuais de comunicação e, se preciso, aprender modos mais funcionais de comunicar entre nós. E isto só será possível, em minha opinião, se paralelamente às nossas sessões de trabalho, mantivermos encontros nos quais nos reencotraríamos todos juntos, fora de todo contexto de trabalho, preocupados tão somente em nos comunicar de modo autêntico. Para que este aprendizado seja valido e favoreça realmente a evolução de nossa equipe de trabalho uma condição me parece essencial: todos devem estar de acordo em participar e com vontade de aprender a comunicar de modo autentico”.
No momento lembraremos que Lewin e seus colaboradores, desde que consentiram em dialogar tomaram consciência de que suas relações interpessoais, aparentemente confiantes e positivas, eram de fato inautenticas pelo fato de não terem como base comunicações abertas entre eles.
Desde que conseguiram assinalar as fontes de bloqueio e de filtragem em suas comunicações, suas relações interpessoais evoluíram, tornando-se mais autenticas, e deu-se a integração entre eles no plano de trabalho. A coesão e a solidariedade resultantes mudaram profundamente a atmosfera de suas sessões de trabalho. Estas conseguiram, a partir deste momento, ritmos crescentes de produtividade e de criatividade.

NECESSIDADES INTERPESSOAIS

Lewin e seus colaboradores descobriram que a produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não somente com a competência de seus menbros, mas sobretudo com solidariedade de suas relações interpessoais.
Mais adiante, o próprio Lewin e alguns de seus discípulos, tentaram fazer novas experiências sobre este fenômeno e destacar as implicações desta descoberta. Mas quem levara mais longe a exploração e a analise da dinâmica dos grupos de trabalho será um psicológico americano, professor em Harvad, W.C.
O que devemos reter aqui e que marca um progresso notável sobre as teorias esboçadas por Lewin e que repousavam apenas sobre dados forçosamente provisórios naquele momento, são as luzes trazidas por Schutz sobre a interdependência e a estreita correlação que existe em todo grupo de trabalho entre seu grau de integração e seu nível de criatividade.Mas onde Schutz inova realmente é através de sua teoria das “necessidades interpessoais”. Com este conceito Schutz pretende especificar o seguinte: os menbros de um grupo não consentem em integrar-se senão a partir do momento em que certas necessidades são fundamentais porque todo ser humano, que se reúne em grupo qualquer, as experimenta ainda que em graus diversos. Por outro lado, estas necessidades, segundo ele, são interpessoais no sentido de que somente em grupo e pelo grupo elas podem ser satisfeitas adequadamente.
Schutz identificou três necessidades interpessoais. Estas: a necessidade de inclusão, a necessidade de controle e a necessidade de afeição.

Schutz define a necessidade de inclusão como a necessidade que experimenta todo membro novo de um grupo em se perceber e em se sentir aceito, integrado, valorizado totalmente por aqueles aos quais se junta.
No momento das tomadas de decisão, que esta necessidade procura ser satisfeita da maneira mais imperiosa. Um membro sente-se definitivamente incluído no grupo ao se perceber como um participante integral de cada uma das fases do processo de tomada de decisão. Esta necessidade é, portanto, a expressão do desejo que experimenta todo membro de um grupo de possuir um status positivo e permanente no interior do grupo, em não se sentir em nenhum momento marginalizado pelo grupo.
Os indivíduos menos socializados procuram integrar-se ao grupo adotando atitudes de dependência. È o caso dos membros socialmente infantis. Por outro lado, aqueles que não superam a fase da revolta típica da adolescência tentam impor-se ao grupo através de atitudes de contra-dependencia e forçar assim sua inclusão no grupo. Os indivíduos melhor socializados,segundo Schutz, são os únicos que encontram em suas relações interpessoais cada vez mais positivas, uma satisfação adequada à sua necessidade de inclusão, adotando para com os outros membros do grupo atitudes ao mesmo tempo de autonomia e de interdependência.

Para Schutz, a necessidade de controle consiste, para cada membro, em se definir para si mesmo suas próprias responsabilidades no grupo e também as de cada um que com ele forma o grupo. È a necessidade que experimenta cada novo membro de se sentir totalmente responsável por aquilo que constitui o grupo: suas estruturas, suas atividades, seus objetivos, seu crescimento, seus progressos.
Todo membro de um grupo deseja e sente necessidade de que a existência e a dinâmica do grupo não escapem totalmente a seu controle. Também aqui os menos socializados, aqueles que há pouco, no plano da inclusão, mostravam-se dependentes, adotaram atitudes infantis ao exprimir sua necessidade de controle. Tenderão a demitir-se de toda responsabilidade e a delegá-la a outros, aqueles que percebem como dotados de poder carismáticos. Em conseqüência, adotam aquelas atitudes que Schutz qualifica de abdicadoras. Aqueles que se sentem rejeitados e mantidos à margem das responsabilidades no grupo, tenderão a cobiçar o poder e a querer, se preciso, assumir sozinhos o controle do grupo. Estes últimos adotam em grupo, cada vez que lhes são confiadas responsabilidades, atitudes de autocratas.
Os mais socializados, enfim, os possuidores de maior maturidade social, tem tendência a se mostrar democratas, isto é, a pensar e a querer o controle do grupo em termos de responsabilidade partilhadas.

Necessidade de afeição é o secreto desejo de todo individuo em grupo de ser percebido como insubstituível no grupo: cada um procura recolher sinais concludentes ou convergentes de que os outros membros não poderiam imaginar o grupo sem sele.
Alguns, os mesmo que há pouco mostravam-se dependentes no plano de inclusão, e abdicadores em relação ao controle, tentam satisfazer suas necessidades de afeto, através de relações privilegiadas, exclusivas e geralmente possessivas. Adotam então atitudes infantis, esperando ser percebidos e aceitos no papel de criança mimada do grupo, não desejando senão receber. Desejam secretamente estabelecer em grupo relações hiperpessoais. Aqueles que, ao contrario, se sentem rejeitados ou ignorados pelo grupo, cedem a mecanismo que os adotam, como uma reação de defesa contra as necessidades de afeição que experimenta, atitudes adolescentes de aparente indiferença ou frieza calculada.Preconizam, quando não reclamam relações unicamente formais, e estritamente funcionais entre os membros. Não querem ou não podem dar nem receber. Furtam-se assim a toda tentativa de estabelecer a solidariedade interpessoal sobre uma base mais profunda de amizade. Ocultam sistematicamente sua necessidade de afeição e mostram-se como hipopessoais. Enfim, os mais altruístas, os mais socializados, não obedecem nem a mecanismo de defesa nem a mecanismo de compensação. Desejam ser aceitos totalmente a afeiçoados ao grupo pelo que são. Mas neles esta necessidade de afeição encontra plena satisfação nos laços de solidariedade e de fraternidade que se estabelecem entre eles os outros membros do grupo. Somente estes, porque tornaram-se capazes de dar e de receber afeição, estabelecem suas relações em nível autenticamente interpessoal.

EXPRESSAO DE SI E TROCAS COM OUTRO

As teorias de Schutz sobre a necessidades interpessoais marcam um evidente progresso sobre algumas das descobertas de Lewin. Schutz, entre outros, conseguiu explicar-nos experimentalmente o que Lewin havia percebido de modo intuitivo, a saber: como e porque um grupo que não conclui sua integração é incapaz de criatividade duradora. Por outro lado Schutz não conseguiu ir alem do nível das relações interpessoais.Com ajuda de instrumentos validados por ele, diagnosticou com muito acerto e não sem mérito, que há uma equação entre a integração de um grupo, a solidariedade interpessoal de seus membros e a satisfação em grupo e pelo grupo das necessidades de inclusão, de controle e de afeição de seus membros.Ja se aceita como um dado de realidade que somente em um clima de grupo em que as comunicações são abertas e autenticas, as necessidades interpessoais podem encontrar satisfações adequadas.Todos tem centrado o estudo sobre a expressão de sei na troca com o outro: como comunicar com o outros para que o dialogo se estabeleça.

1.A explicação cientifica da natureza da comunicação humana data das descobertas da cibernética.A comuniçao humana só existe realmente, quando se estabelece entre duas ou mais pessoas um contato psicológico.

2.A comunicação varia segundo os instrumentos utilizados para estabelcer o contato com o outro, segundo as pessoas em processo de comunicação, enfim, segundo os objetivos em vista.

A.Os instrumentos
Quanto aos instrumentos empregaods, a comunicação pode ser verbal se alguém utiliza a linguagem oral ou escrita para iniciar e estabelecer o contato com o outro.
Todo recurso a outro instrumento que permita ou favoreça o contato com o outro, é classificado pelo termo genérico de comunicação os gestos, as expressões faciais, as posturas.
A comunicação humana que pretende ser exclusivamente verbal corre o risco de intelectualizar-se, de se tornar cebebrina. Por outro lado, a comunicação que pretendesse dissociar-se de todo recurso à linguagem seria dificilmente inteligível ao outro, pelo fato de não recorrer a uma simbolização na expressão de si.Somente uma comunicação que seja verbal e não-verbal ao mesmo tempo tem condições de ser adequada.A integração funcional e orgânica destes dois modos de expressão do eu choca-se, sobretudo no plano não verbal, contra tabus e proibições coletivas ou ainda contra resistências emotivas cuja fonte é geralmente a personalidade profunda do individuo em causa.

B. As pessoas
Quanto as pessoas implicadas é preciso distinguir entre comunicação a dois e comunicação de grupo. As comunicações a dois podem ser autenticas mesmo quando provisórias.É o caso das comunicações a dois chamadas profissionais.
As comunicações de grupo podem ser distinguidas entre a comunicação intra-grupo, quando se estabelecem entre os membros de um mesmo grupo, e comunicações inter-grupos, quando constituem contatos e trocas entre dois ou vários grupos.

C. Os objetivos
Quanto aos objetivos, podemos distinguir entro comunicação consumatoria e comunicação instrumental. A comunicação consumatoria tem por fim exclusivo a troca com o outro; “falar por falar”.
A comunicaçao instrumental, ao contrario, é sempre utilitária e comporta sempre segundas-intençoes. Na comunicação consumatoria o outro é percebido como um sujeito ao encontro de quem se vai e com quem se deseja comunicar; na comunicação instrumental, o outro é percebido como um objeto a explorar, a seduzir ou a enganar, com o objetivo de assegurar certos ganhos e satisfazer alguns interesses.

CONCLUSAO
Quanto mais o contato psicológico se estabelece em profundidade, mais a comunicação humana terá possibilidade de ser autentica.
Quanto mias a expressão de sei conseguir integrar a comunicação verbal e a não-verbal, mais a troca com o outro terá condições de ser autentica.
Quanto mais a comunicação se estabelecer de pessoa a pessoa para alem dos personagens, das mascaras, dos status e das funções, mais terá possibilidade de ser autentica.
Quanto mais as comunicações intra-grupo forem abertas, positivas e solidárias, mais as comunicações inter-grupos terão possibilidade, em conseqüência, de serem autenticas e de não servirem de evasão ou de compensação a uma falta de comunicações internas em seu próprio grupo.
Quanto mais a as comunicações humans forem consumatorias(isto é, encontros de sujeito a sujeito), menos elas serão instrumentais (isto é, manipulações do outro) e mais possibilidades terão de se tornarem alocentricas e autenticas.

A CONSCIÊNCIA MÍTICA

por Conceição Serralha


- Semelhanças entre os relatos dos mitos => curiosidade, desobediência e advento de uma castigo.
MITO
Leitura superficial => mito como uma maneira fantasiosa de explicar uma realidade que ainda não foi abarcada racionalmente. Preconceito comum = identificação com lendas ou fábulas (forma menor de explicação dos acontecimentos do mundo, que logo será superada pelas explicações mais racionais).
Leitura apurada => o mito não é exclusividade do primitivismo. Existe em todo tempo e cultura como forma de compreensão da realidade. Possui diversas conotações.

O MITO ENTRE OS PRIMITIVOS

Mito vivo => surge como “verdade intuída”, espontânea e sem comprovações. Baseado na crença e não na evidência racional. É uma intuição compreensiva da realidade (semelhante à das crianças).

Raízes do mito => realidade vivida pré-reflexiva das emoções e da afetividade. Fantasia, imaginação => antes de interpretar o mundo, o homem o deseja ou o teme, indo de encontro a ele ou ocultando-se dele. Desejo de dominar o mundo, afugentando a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido e da morte.

Funções do mito:

· Acomodar e tranqüilizar o homem em relação ao mundo assustador (primordial).
· Explicar a realidade.

Primeiros modelos de construção do real => têm uma natureza sobrenatural => os deuses são criados e chamados para apaziguar a aflição do homem diante do que ele não consegue compreender e controlar. Nada é natural, tudo é sagrado.

Festas religiosas => há a ritualização do evento sagrado que aconteceu “no começo” (passado mítico).

Ritos => necessidade dos ritos para que os fatos possam se concretizar. Maneira mágica de agir sobre o mundo.

Consciência mítica => consciência comunitária = o homem não se percebe como sujeito propriamente dito. Não comanda a sua própria ação, sua experiência não se separa da experiência da comunidade, mas se faz por meio dela.
A consciência mítica é dogmática, ingênua, porque não critica. Aceita os mitos e rituais sem contestação, pela fé.

Equilíbrio individual => o coletivo prepondera sobre o individual.

Moral dogmática => adaptação do indivíduo sem crítica às normas tradicionais. Transgressão da norma => ultrapassa quem a violou, podendo atingir a família e até a tribo. Por isso, os “ritos de purificação”.

Religião => sempre ligada a elementos míticos. Fases na formação do conceito de deuses:

1) Deuses momentâneos => excitações instantâneas. Fonte => emoção subjetiva marcada pelo medo. Não são forças da natureza, nem aspectos da vida humana. Podem ser conteúdos mentais (Alegria, Inteligência etc.) ou objeto da realidade percebido como sido enviado do Céu.
2) Deus funcional => é descoberta a individualidade do divino, os elementos pessoais do sagrado. Esse deus vigia cada etapa do trabalho dos homens e é chamado para protegê-los. Há a prática de rituais e a fé na magia, fazendo o homem confiar em si mesmo. O homem não se vê mais a mercê das forças naturais e acha que o que acontece é dependente também dos atos humanos. Magia usada tanto para o bem quanto para o mal, pois não estava ligada a princípios éticos.
3) Deus pessoal => o deus perde a ligação com uma determinada atividade e torna-se um nome próprio => é um ser que se desenvolve segundo as suas próprias leis. Age e sofre como os homens e seus nomes expressam sua natureza, seu poder e sua eficiência.

Religiões monoteístas => decorrentes do desenvolvimento da 3ª fase e de forças morais (bem e mal). Natureza abordada pelo racional. Divino => deixa de ser concebido por poderes mágicos e passa a ser enfocado pelo poder da justiça. O sentido ético substitui o sentido mágico.

Atualidade => a nova forma de compreender o mundo dessacraliza o pensamento e a ação, retirando-lhe o caráter de sobrenaturalidade.

Mito do cientificismo => crença na ciência como única forma de saber. Cria outros mitos => progresso => tecnocracia.

Mito => ponto de partida para a compreensão do ser, Os pressupostos míticos servem de base para o trabalho posterior da razão.

Mito e razão => complementam-se mutuamente.

Reflexão => permite a rejeição dos mitos prejudiciais.

PASSAGEM DA CONSCIÊNCIA MÍTICA PARA A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA

- Grandes nomes como Confúcio, Lao Tse, Buda, Zaratustra ainda não estavam muito vinculados à religião.

- Primeiros filósofos => gregos.


CONCEPÇÃO MÍTICA

Aedos e Rapsodos => cantores ambulantes que transmitiam os mitos oralmente. Não existia preocupação com a autoria, pois o anonimato era conseqüência do coletivismo. Não existia a escrita.

Epopéias => função didática, descrevendo o período da civilização micênica e transmitindo valores de cultura por meio de histórias dos deuses e antepassados, expressando uma concepção de vida.
Relatam ações heróicas e a intervenção dos deuses. O herói depende dos deuses e do destino => falta-lhe livre arbítrio. É valorizado por ter livre arbítrio. É valorizado por ter sido eleito pelos deuses. Virtudes do herói => coragem, força e persuasão.
Ilíada (Guerra de Tróia) e Odisséia (retorno de Ulisses-Odiseus após a guerra). Pelo estilo diferente, intérpretes dizem que são obras de vários autores e não de Homero (séc. IX a.C.?), que não sabem nem se existiu.

Teogonia (teo= deus; gonia = origem).
Hesíodo (séculos VIII e VII a.C.) => obra com particularidades, menos impessoal e coletiva, mas ainda preocupada com a crença nos mitos. Relata as origens do mundo e dos deuses; as forças não são a pura natureza, mas emanam das próprias divindades.


CONCEPÇÃO FILOSÓFICA

Primeiros filósofos => fins do século VII a.C. e século VI a.C. Algumas interpretações:

1) “Milagre Grego” => visão simplista e a-histórica da passagem do pensamento mítico para o pensamento crítico racional e filosófico.
2) Racionalidade crítica => resultado de um processo lento através do tempo, preparado pelo passado mítico.

Novidades do período arcaico que ajudaram a transformar a visão do homem de si e do mundo:

· Escrita => a escrita fixa a palavra e exige maior rigor e clareza, estimulando o espírito crítico. A retomada do que foi escrito possibilita => abrir os horizontes do pensamento, o distanciamento do vivido, o confronto de idéias, a ampliação da crítica. Maior abstração, que tende a modificar a estrutura do pensamento. A consciência mítica predomina nas culturas de tradição oral, que fixa o evento por meio da memória pessoal. Grécia => século VIII a.C. => influência dos fenícios. Os escritos passam a ser divulgados em praça pública, sujeitos à discussão e à crítica.
· Moeda = papel revolucionário, vinculada ao nascimento do pensamento racional, emitida e garantida pela Cidade, revertendo benefícios para a própria comunidade. Ela sobrepõe aos símbolos sagrados e afetivos o caráter racional de sua concepção; é um artifício racional, uma convenção humana, uma noção abstrata de valor que estabelece a medida comum entre valores diferentes. Comércio => produtos com valor de uso passam a ter valor de troca, tornando-se mercadorias. Necessidade de algo que funcionasse como valor equivalente universal das mercadorias.
· Lei escrita => a justiça sai da arbitrariedade dos reis ou da interpretação da vontade divina. É codificada numa legislação escrita, uma regra comum, uma norma radical, sujeita a discussão e modificação; dimensão humana. Primeiros legisladores = Drácon (séc. VII a.C.) e Sólon e Clístenes (sec. VI a.C.). Clístenes => funda a pólis, não mais baseada em relação de consangüinidade, mas por uma organização administrativa. Ideal igualitário que prepara a democracia, abolindo a hierarquia do poder aristocrático das famílias.
· Cidadão da Pólis => surge da instauração da ordem humana. O nascimento da Pólis altera a vida social e as relações entre os homens. Cidade grega => centralizada na ágora (praça pública) onde são debatidos os problemas de interesse comum. Separa-se o domínio público do privado, com justa distribuição dos direitos dos cidadãos enquanto representantes dos interesses da cidade.

Novo ideal de justiça => todo cidadão tem direito ao poder. Caráter político e não apenas moral; atuação na comunidade. A Polis se faz pela autonomia da palavra humana, do conflito, da discussão, da argumentação. O saber deixa de ser sagrado e passa a ser objeto de discussão.

Política => surge da expressão da individualidade por meio do debate. O cidadão da Polis participa dos destinos da cidade por meio do uso da palavra em praça pública.

Isonomia => igual participação de todos os cidadãos no exercício do poder. Mas, na democracia ateniense (séc. V a.C.) apenas 10% eram considerados cidadãos propriamente ditos, capacitados a decidir por todos.

Sofistas => “sábio” ou “professor de sabedoria”. Pedagogos => sistematização do ensino. Filósofos itinerantes, vindos das colônias gregas. Eram pessoas estudadas, versadas em determinado assunto e ganhavam a vida em Atenas ensinando os cidadãos. Rejeitavam tudo o que consideravam especulação filosófica desnecessária. Eram céticos. Dedicavam-se à questão do homem e de seu lugar na sociedade. Acreditavam que não havia normas absolutas para o certo e o errado. Discutiam sobre o que seria “natural” e o que seria ‘criado pela sociedade” => criaram as bases para uma crítica social.
Primeiros filósofos => século VI a.C., pré-socráticos => escreviam em prosa. Seus escritos desapareceram com o tempo. Elaboravam uma cosmogonia, procurando a racionalidade do universo. Procuram o “princípio” de todas as coisas, o “fundamento do ser”. Buscam arché => o elemento constitutivo de todas as coisas.
Diferença entre pensamento mítico e filosofia nascente => os filósofos divergem entre si e a filosofia se distingue da tradição dogmática dos mitos oferecendo uma pluralidade de explicações possíveis.
Conford => a “atitude” do filósofo o distingue do homem mítico, mas o “conteúdo” da filosofia permanece semelhante ao do mito, aproximando-se dele.

Passagem do mito à razão => continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

AS PERPESCTIVAS NEO-ANALÍTICAS DA PERSONALIDADE:

Por Conceição Serralha



A IDENTIDADE

- Os sucessores de Freud dedicaram-se ao estudo do ego, pois o consideravam

uma força importante e independente na psique e não era apenas uma reação ao id.

- Self consciente => é o que nós pensamos que somos => componente fundamental das

concepções modernas da personalidade.

- Principais teóricos dessa perspectiva.

1- Jung => interessava-se pelos aspectos universais e profundos da personalidade. Ampliou as idéias sobre o inconsciente, para abranger imagens emocionalmente carregadas, e quase instintivas, que parecem características de todas as gerações. Interessava-se também pelas crenças que partilhamos.

- Inconsciente pessoal => pensamentos e sentimentos que não são conscientes no presente, mas podem ser acessados. Foram reprimidos intensamente por significarem ameaça ao ego. Tanto o que foi reprimido por ameaçar o ego, quanto o que não é importante ser lembrado no momento fazem parte do inconsciente pessoal. Esse material que não tem importância imediata era chamado por Freud de pré-consciente.

O inconsciente pessoal continha informações passadas ou futuras (retrospectivas e prospectivas). As futuras, relacionam-se às coisas que as pessoas sentiam que tenderiam a acontecer. O inconsciente pessoal serve para compensar ou equilibrar atitudes e idéias conscientes. Se as opiniões conscientes de uma pessoa forem muito parciais, o inconsciente pessoal pode salientar o ponto de vista oposto por meio dos sonhos ou outros meios para restaurar algum tipo de equilíbrio.

- Inconsciente coletivo => nível mais profundo de inconsciência, composto de símbolos emocionais poderosos: os arquétipos (são transpessoais e não pessoais ou individuais).

Os arquétipos originaram-se das reações emocionais de nossos ancestrais a eventos e relações interpessoais repetitivos, e que nos predispõem a reagir de maneira previsível a estímulos comuns e recorrentes.

Ex: animus (masculino de uma mulher) e anima (feminino de um homem).

Persona (face socialmente aceitável) e sombra (lado escuro e inaceitável da personalidade, desejos e motivos vergonhosos) => aparência externa e o interior .

Mãe => incorporação da generatividade e fertilidade. Bom ou mau.

Herói => força impetuosa e boa que luta com o inimigo para salvar algo, do mal.

Demônio => incorporação da crueldade e maldade.

- A Psicologia científica moderna duvida da existência do insconsciente coletivo.

- Complexo= > conjunto de sentimentos, pensamentos e idéias carregado emocionalmente com um tema particular (identidade, inferioridade etc). O potencial do complexo é determinado por sua libido ou “valor”.

Libido => diferentemente de Freud, descreve uma energia psíquica geral não necessariamente de natureza sexual.

- Personalidade => composta de forças opostas constantemente em luta entre si, estabelecendo (em uma pessoa saudável) algum equilíbrio.

- Funções da mente:

1) Sensação => “Há alguma coisa ali?”

2) Pensamento => “O que é aquilo ali?”

3) Sentimento => “Que valor tem isso?”

4) Intuição => “De onde vem isso e para onde está indo?”

Pensamento e sentimento => racionais, pois envolvem pensamento e ponderação. Sensação e intuição => irracionais. Uma é sempre dominante.

- Atitudes da mente:

1) Extroversão => libido direcionada para as coisas do mundo externo

2) Introversão => libido direcionada para as coisas do mundo interior.

Essas atitudes existem em todos os indivíduos, mas uma é dominante. A combinação das quatro funções e duas atitudes geram oito tipos de personalidade. Ex:

1) Sentimento e extroversão => orientado para o externo, faz amigos com facilidade, espalhafatosa e influenciada pelos sentimentos emocionais alheios.

2) Sentimento e introversão => sentimento canalizado para a introspecção e preocupação com experiências interiores. Poderia ser interpretado como indiferente, “falta de sentimento”.

- Jung, ao se confrontar com Freud, abriu caminho para o novo fundamento conceitual sobre motivação e o ego, permitindo que outras abordagens florescessem. Influências sobre as abordagens existencial-humanísticas. Era mais filósofo do que cientista.

2 - Alfred Adler => contribuição: o complexo de inferioridade. Foi membro do grupo freudiano por vários anos. Em 1911, por divergências com Freud, renunciou ao cargo de presidente da Sociedade Psicanalítica de Viena. Logo depois fundou sua própria sociedade, chamada Sociedade de Psicanálise Livre (mais tarde chamada Sociedade de Psicologia Individual). Para Freud, as motivações primordiais eram o prazer e a sexualidade. Para Adler, as motivações eram mais complexas.

- Psicologia Individual => Adler acreditava nas motivações exclusivas dos indivíduos e na importância da posição percebida por cada pessoa na sociedade. Importância dos aspectos teleológicos, ou a orientação para metas, da natureza humana. Era mais preocupado com as condições sociais, vendo a necessidade de medidas preventivas para evitar distúrbios na personalidade.

- Principal essência da personalidade => luta pela superioridade.

- Complexo de inferioridade => sentimento desconfortável de ser estúpido.

- Complexo de superioridade => origina-se da tentativa de superar o complexo de inferioridade e manter um sentimento de auto-estima.

- Agressão => reação à percepção de impotência ou inferioridade, ataque violento contra a incapacidade de alcançar ou de dominar alguma coisa.

- Protesto masculino => tentativa individual de ser competente e independente, autônomo.

- Luta pela perfeição => as pessoas não ligadas neuroticamente a um complexo de inferioridade passam a vida tentando alcançar metas ficcionais.

- Tipologia de Adler:

1) Dominante => agressivo e dominador

2) Obtentor => tira dos outros, um tanto quanto passivo

3) Evitante => vence os problemas fugindo

4) Socialmente útil => enfrenta os problemas realisticamente, é cooperativo e cuidadoso.

Ex: crianças com deficiência física => podem se tornar dominadoras, por tentarem desafiar sua condição de uma maneira não social; quando o fazem de maneira social, tornam-se cooperadoras. Quando são passivas de maneira não social, pegam o que as outras pessoas dispensam; quando são passivas e deprimidas, fogem dos problemas. Quando são desafiadas, ficam com a mente sobrecarregada e tornam-se egoístas. O caminho para a saúde física e mental pede a superação desse egoísmo.

3 - Karen Horney:

n Mudou a maneira como a psicanálise via as mulheres, descartando a teoria freudiana acerca da inveja do pênis e mostrando outros motivos pelos quais as mulheres sentiam-se inferiores aos homens.

n Mostrou que as relações sociais, a falta relativa de oportunidades, determinavam esses sentimentos de inferioridade.

Ansiedade básica:

n Sentimento de abandono e insegurança da criança.

n É o medo da criança de estar sozinha, desamparada e insegura.

n Advém de problemas nas relações da criança com os pais, como a falta de afeto, estabilidade, respeito ou envolvimento.

n Horney deu uma interpretação mais inclusiva e interativa deste conceito.

n Acreditava que uma das mais importantes descobertas da criança era a de sua própria impotência.

n A luta da criança para ganhar individualidade e controle é o que modela grande parte do self.

n Acreditava na importância da auto-realização e no amadurecimento de cada indivíduo.

n Acreditava que os motivos inconscientes e irracionais que Freud dizia impulsionar as pessoas, originavam-se de conflitos sociais dentro da família e da sociedade.

Rejeição da inveja do pênis:

n O sentimento de inferioridade da mulher não advinha da ausência do pênis em seu corpo, mas da maneira como as mulheres eram educadas na sociedade e da ênfase exagerada para que se assegurassem do amor de um homem.

n Ambientes que definem “masculinidade” como força, valentia, competência e liberdade e definem “feminilidade” como inferioridade, delicadeza, fragilidade e submissão, fazem com que as mulheres anseiem por coisas “masculinas”, para adquirirem poder.

Estilos de pessoas:

n Estilo passivo => daquelas pessoas que acreditam que podem fazer maior progresso sendo condescendentes.

n Estilo agressivo => daquelas que acreditam em lutar para sobreviver.

n Estilo retraído => daquelas que sentem que é melhor não se envolver emocionalmente de modo algum.

Diferentes tipos de self:

n Self real => essência interna da personalidade, o que nós percebemos sobre nós mesmos abrangendo o nosso potencial de auto-realização e que é prejudicada pela negligência e indiferença dos pais.

n Self ideal => o que uma pessoa considera perfeito e espera realizar. É identificado por Horney como modelado por impropriedades percebidas. É sempre o que a pessoa deveria “fazer”.

n Self desprezado => pode ser originado da negligência dos pais. Consiste em percepções de inferioridade e deficiência, na maioria das vezes baseadas em avaliações negativas que outras pessoas fazem de nós e dos sentimentos de impotência resultantes.

A finalidade da psicanálise, para Horney, não era ajudar alguém a alcançar seu self ideal,mas capacitar a pessoa a aceitar seu self real. As pessoas tornam-se neuróticas e desenvolvem uma estratégia de enfrentamento interpessoal para “solucionar” esse conflito.

Estratégias neuróticas de enfrentamento:

n Aproximação => tentar fazer os outros felizes, obter amor e assegurar a aprovação e a afeição dos outros.

n Expansão => lutar por poder e reconhecimento e pela admiração dos outros.

n Afastamento => desviar-se de qualquer investida emocional nas relações interpessoais, no sentido de evitar ser ferido nessas relações.

Defesas contra a ansiedade ou necessidades neuróticas:

n Afeição e aprovação => sempre tentar agradar aos outros.

n Parceiro dominador => dependência exagerada.

n Poder => necessidade de controlar os outros e de desdenhar a fragilidade.

n Exploração => medo de ser explorado, mas não de explorar.

n Reconhecimento e prestígio => busca constante por um status mais alto.

n Admiração => busca de elogios, mesmo se imerecidos.

n Ambição e realização =. Desejo de ser superior, em conseqüência da insegurança interior.

n Auto-suficiência => não confiar nunca nos outros.

n Perfeição => busca da impecabilidade.

n Limites estreitos => contentar-se com pouco e, portanto, subjugar-se.

As pessoas neuróticas concentram-se impulsivamente em uma dessas necessidades em todas as suas interações sociais. Essas necessidades são soluções irracionais aos desafios que todos nós enfrentamos. A necessidade de um neurótico nunca pode ser satisfeita.

4- Erik Erikson

n A fase adulta não é simplesmente uma reação às experiências na infância, mas um processo de desenvolvimento contínuo influenciado por seus próprios estágios anteriores.

n Em cada estágio, determinada crise de ego tem de ser resolvida, e a resolução bem-sucedida de cada uma permite o desenvolvimento saudável nos estágios posteriores, por toda a vida.

Formação da identidade e crises do ego:

n A formação da identidade é um processo que dura a vida toda.

n Os indivíduos podem e, de fato, experimentam mudanças significativas, assumindo alguma responsabilidade pessoal pela própria vida.

n A personalidade desenvolve-se ao longo de uma série de oito estágios à medida que a vida se desdobra.

n A personalidade resultante de cada estágio depende até certo ponto do resultado do estágio anterior e a negociação eficaz em cada estágio das crises do ego é fundamental para o crescimento favorável.

Teoria sobre os estágios de desenvolvimento:



Crises de Ego:

n Confiança x desconfiança => corresponde à fase oral, de Freud. O ego alcança a habilidade da esperança. Idade: Infância (1º ano de vida).

n Autonomia x vergonha e dúvida => corresponde à fase anal, de Freud. O ego alcança a habilidade do desejo. Idade: início da meninice.

n Iniciativa x culpa => corresponde à fase fálica, de Freud. O ego alcança a habilidade da intenção. Idade: do início à fase intermediária da meninice.

n Destreza x inferioridade => corresponde à fase de latência, de Freud. O ego alcança a habilidade de competência. Idade: da fase intermediária ao fim da meninice.

n Identidade x confusão de papéis => corresponde à fase genital, de Freud. O ego alcança a habilidade da lealdade. Idade: adolescência.

n Intimidade x isolamento => corresponde à fase genital, de Freud. O ego alcança a habilidade do amor. Idade: início da fase adulta.

n Generatividade x estagnação => corresponde à fase genital, de Freud. O ego alcança a habilidade da proteção. Idade: meia-idade.

n Integridade do ego x desesperança => corresponde à fase genital, de Freud. O ego alcança a habilidade da sabedoria. Idade: velhice.

Abordagens modernas da personalidade, que investigam a identidade, adotam um modelo funcional sobre a personalidade, ou seja, eles observam comportamentos e metas instigados para compreender o self que se encontra subjacente. Concordam que é vantajoso observar metas, motivos, conflitos e desejo, para entender mais completamente a pessoa que está por trás.

A SATISFAÇÃO SEXUAL DA MULHER ADULTA

A satisfação sexual de mulheres adultas, embora seja considerada de importância no discurso das próprias mulheres e de suas parcerias sexuais e afetivas, pouco aparece no discurso científico e técnico na psicologia, e mais especificamente dos estudo da sexualidade no Brasil.

Os autores buscaram pesquisar as associações de mulheres sobre a cessação das necessidades sexuais, aqui denominada satisfação sexual. Um questionário, desenvolvido a partir de um estudo piloto, foi aplicado a 110 mulheres adultas de 25 a 40 anos com parceria sexual fixa na área metropolitana de São Paulo.

Embora os resultados apenas apontem formas cognitivas através das quais as mulheres podem se referir à satisfação sexual, os resultados obtidos são os que necessitam ser considerados para a interação primária sobre o assunto em níveis profissionais. O fato mais importante surgido foi a associação de orgasmo e satisfação sexual, atingindo 80% das pesquisadas. O sentir-se atraída sexualmente pelo parceiro apareceu em 74% das paulistanas. Os parceiros carinhosos são importantes para a satisfação sexual em 66% das mulheres e as carícias dos parceiros para 61%. As fantasias sexuais com o parceiro sexual ocorre em 50% das mulheres. A satisfação sexual foi referida por 86% das mulheres pesquisadas, destas 15% não estariam satisfeitas sexualmente sempre. Devemos considerar que apenas as mulheres que responderam o questionário estão sendo consideradas (64%). Mesmo assim, surpreendentemente há um nível alto de satisfação sexual entre as mulheres adultas em São Paulo.

As mulheres esperam mais dos seus homens atualmente, a maioria das mulheres não se sente mais uma propriedade, buscam sua satisfação, seja com fantasias sexuais, carícias e não apenas o ato da penetração. A mulher leva um tempo maior para excitar-se, e para que isso possa ocorrer com as mesmas, esperam que seja por alguém que fundamentalmente as atraia sexualmente, que seja carinhoso e compreensivo, que as ame, não desejando mais serem vistas como meros objetos para a satisfação sexual masculina. Esperam que eles também possam ser o objeto do desejo delas e para isso acontecer pedem mais, exigem o orgasmo, afinal isso é uma vitória conquistada pela mulher dos tempos modernos Estão mais liberais com o tema sexualidade e sentem-se mais liberais na cama com seus homens. O ato da penetração por si só quer dizer muito pouco para a mulher adulta, é apenas um complemento de um ato de amor, que para elas é fundamental "o amor". Nessa pesquisa pode-se constatar, que a mulher adulta na metrópole paulistana, para atingir a satisfação sexual plena, depende muito da satisfação como indivíduo, que para a mulher é fundamental o relacionamento e a preservação do namoro, da sedução e das carícias envolventes do parceiro.

A mulher precisa estar atraída pelo parceiro e sentir que o atrai. O sexo pelo sexo não parece ser a busca da maioria das mulheres. A satisfação sexual precisa estar cercada de carícias e de parceiros carinhosos. Mais de um décimo das pesquisadas conhecem o caminho pelo qual os parceiros deveriam buscar facilitar a satisfação sexual delas. Muitas mulheres não tem nem consciência do que necessitam para a própria satisfação sexual. Outras podem não conseguir expressar-se adequada e eficazmente aos seus parceiros, ou sequer para uma pesquisa sobre a satisfação sexual. A sexóloga argentina Maria Luiza Lerer afirma que a mulher pode negar a si mesma as necessidades e vontades e relutar em partilhar-se com seu parceiro. Apenas pouco mais de um quarto das mulheres afirmaram a preferência sexual igual à do discurso sexual masculino em nossa cultura. A penetração, tão fortalecida e valorizada pelo homem no contexto sexual é deixada de lado pela maioria das mulheres. Esta não é uma informação assimilada pelo homem, muito pelo contrário, as informações que os homens trocam entre si e recebem advindas através de revistas eróticas e filmes pornográficos (facilmente constatável pelo leitor) valorizam direta e explicitamente a penetração no ato sexual.

A maioria (80%) declarou que necessita do orgasmo na relação sexual (51% das mulheres cubanas tem orgasmos nas relações sexuais). A fantasia sexual para a mulher adulta é usada como forma de estimulação sexual e voltada para o próprio parceiro, o que deveria ser considerado pelos homens, para que não julgassem que o uso fantasias implicaria em possibilidade e motivação de traição sexual. Embora costumeiramente as mulheres serem consideradas mais para fantasias românticas do que o homem, nesta pesquisa estas buscas não foram referidas, talvez pela dificuldade em expressar a intimidade que é a própria fantasia. Para a mulher a sexualidade não começa na cama, tampouco termina, a sexualidade é o cotidiano com seu parceiro e tudo aquilo que ele possa demonstrar de afetividade.

Embora possamos contestar que o discurso das entrevistadas possa ser equivocado enquanto realidade objetiva, devemos considerar os resultados e conclusões como representantes do social, não necessariamente do que vivem estas pessoas, mas do que elas desejam que seja considerado com parte integrante de suas identidades femininas nesta cultura. Estes parâmetros são os que devem ser utilizados para os profissionais que trabalham com esta população e sobre este assunto. As representações sociais apresentadas pelas pesquisadas constituem-se cognições que aquelas utilizam para se relacionar com a realidade concreta, fatos de importância para o se trabalhar com o ser humano.

Concluímos com a presente pesquisa que 86% das mulheres pesquisadas sentem-se satisfeitas sexualmente. Pesquisadores cubanos liderados por Molina, apresentaram em 1994), uma pesquisa sobre satisfação sexual de mulheres cubanas, na qual estas se consideram satisfeitas apenas em 32%, aumentado para, se somarmos aquelas que se sentem mais ou menos satisfeitas, 65%, valores menores que o encontrado nesta pesquisa (*). A insatisfação sexual, porém existe num número de importância entre mulheres (14%), que merece atenção dos profissionais que trabalham com saúde mental.

A seguir frases escritas por pesquisadas na folhas dos questionários entregues, citando necessidades não satisfeitas em resposta ao ítem "preciso de mais coisas do que recebo" da questão número 1:

-"Estar satisfeita sexualmente para mim é estar em sintonia plena com o parceiro."

-"Estrapolar a condição do ato em si. Não é simples descarga física, é o encontro pelo carinho pelo prazer, pela vontade de estar realmente com o outro. É dar e receber, é o sentir-se aceita como é. É maravilhoso!"

- "Satisfação sexual é quando duas pessoas sentem-se atraídas uma pela outra. Desta atração é obvio vem o desejo de tocarem-se, e possuírem-se, e quando a atração o desejo é recíproco, e é evidente que virá o orgasmo e assim a satisfação sexual."

-"Quando tudo o que sentimos e fazemos seja recíproco, pois isso faz com que tenhamos uma satisfação total. E tudo o que acontece em uma relação seja mútua para ambos saírem realizados na sua relação."

-"Me satisfaço sexualmente quando consigo estar inteira dentro de uma relação. Quando o meu corpo, meus sentidos estão todos juntos fazendo com que me sinta feliz e realizada. O orgasmo quando atingido torna tudo maravilhoso, mas para mim, não existe satisfação sexual sem o complemento emocional."

-"Sexo para mim é uma coisa normal, que devemos dispor sempre que sentirmos desejo de obter prazer sexual."

-"É o complemento de nossos espíritos, são as nossas fantasias sendo realizadas."

-"Vejo como algo necessário e inevitável, pois desejamos estar em sintonia com o parceiro que amamos."

-"E penso ser muito importante discutir com nosso parceiro sempre que for necessário o assunto sexualidade."

-"Bom eu entendo que satisfação sexual só é boa quando a compreensão, carinho e amor entre ambos. Então ambos se satisfazem."

-"Para atingir a satisfação sexual não basta apenas o ato da penetração, mas que o indivíduo esteja bem consigo mesmo, ou seja, física e psicologicamente. Deve-se contar também que numa relação é fundamental que haja amor e carinho."

-"É você ter atração por alguém que você gosta durante a relação sexual e atingir toda a sua plenitude, ou seja chegar ao auge do orgasmo. Eu acredito que é mais ou menos isso."


Texto de:

Sônia Helena Tlusty Furlanetto; Oswaldo M. Rodrigues Jr.CEPCoS - Centro de Estudos e Pesquisas em Comprotamento e Sexualidade São Paulo - SP

Por que o jovem não deve ler!?

Ulisses Tavares


Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez.

Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.

E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.(Êpa, acho que exagerei.

Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionário pra entender gibi da Monica, na onda dos sarados e popozudas que vêem na telinha, e que vou dar uma força pra essa parada aí, porra.)

Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)

Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.

Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.

Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua técnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.

E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.

Viram como ler atrapalha?

A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.

E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.

Por isso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.

A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienação pela leitura.

Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.E tem, no mínimo, 5 razões poderosas , maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário:

1. Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale à pena o esforço. Como disse o Lula (que não teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Porisso que eles mandam e desmandam há séculos;

2. Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber (a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;

3. Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mídia;

4. Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;

5. Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.O espaço está acabando e me deu vontade de lembrar que ninguém -nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura - pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e, lá, absorve não conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, tres entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.Mas páro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperança, força e fé na mudança.De um especialmente - o poeta Tiago de Melo - com seu verso comovido e repleto de coragem:"Faz escuro, mas eu canto!"

Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão

Sitema ético Skinneriano

A lógica do sistema ético skinneriano (Skinner, 1971) está intimamente ligada à do modelo de seleção do comportamento por conseqüências (Skinner, 1981/1984). De acordo com esse modelo, o comportamento humano só pode ser integralmente compreendido a partir da conjugação de variáveis atuantes em três diferentes níveis seletivos: filogenético (evolução das espécies), ontogenético (evolução de indivíduos particulares de uma espécie durante seu tempo de vida) e cultural (evolução das culturas). Isso inclui o comportamento ético, verbal e não-verbal.Para Skinner, bens éticos são conseqüências do comportamento. Nos três níveis seletivos (filogenético, ontogenético e cultural) o comportamento produz certos efeitos, e é através destes efeitos que os problemas éticos devem ser analisados. O sistema ético skinneriano descreve três tipos de bens (1971). Bens pessoais são reforçadores positivos em relação ao comportamento da pessoa que os produz. Cabe destacar o adjetivo positivos, pois reforçadores negativos são o oposto de bens pessoais (Skinner, 1971). Bens dos outros são aqueles que, ainda que produzidos por certo indivíduo, resultam em reforçamento positivo para o comportamento de outras pessoas que não o próprio indivíduo. Também estaremos agindo eticamente, nesse caso, ao remover reforçadores negativos em relação ao comportamento de outros. Bens das culturas são todas as conseqüências de práticas culturais que contribuem para a sobrevivência da cultura que promove tais práticas. O comportamento ético de qualquer ser humano define-se por sua relação com a produção desses três tipos de bens, que não é mutuamente exclusiva - isto é, uma pessoa pode, através de certa ação, produzir não apenas um, mas dois ou três tipos de bens simultaneamente.

Analisando conjuntamente o sistema ético skinneriano e o modelo de seleção por conseqüências, conclui-se que comportamentos eticamente bons são todos aqueles que "satisfazem" às contingências seletivas. Note-se que Skinner (1971) classifica como bens exatamente aquelas conseqüências que promovem a seleção do comportamento nos três níveis especificados. Entretanto, conforme veremos em seguida, não há perfeita simetria entre os três níveis que compõem, respectivamente, o modelo de seleção por conseqüências e o sistema ético skinneriano, dado que: 1) bens pessoais não incluem apenas reforçadores primários, mas também secundários; 2) bens dos outros são produzidos apenas sob circunstâncias especiais de seleção do comportamento operante no segundo nível. No primeiro nível, o comportamento é selecionado se contribui para a sobrevivência da espécie à qual pertence o indivíduo que se comporta. As conseqüências imediatas desse tipo de comportamento (alimento, sexo, segurança) adquirem, para certas espécies, propriedades reforçadoras. A estas conseqüências denominamos reforçadores primários, ou incondicionados, que são os principais bens pessoais, derivando destes reforçadores todos os demais bens pessoais - i.e., os reforçadores secundários, ou condicionados. No segundo nível, um operante é selecionado se produz reforço. As conseqüências reforçadoras que selecionam operantes - i.e., os bens pessoais - são, em sua ampla maioria, mediadas pelas pessoas com quem convivemos. Para que tenhamos acesso a tais conseqüências, temos que produzir bens para estas pessoas (os bens dos outros).

Daí a explicação para o comportamento em benefício alheio: trata-se de reforçamento recíproco. Nas culturas humanas, a produção de bens para outros surge quase sempre como um pré-requisito para a obtenção de bens pessoais - e o próprio fato de que produzimos bens para outros só se justifica nesta medida. Finalmente, no terceiro nível, uma prática cultural é selecionada se contribui para a sobrevivência da cultura que a mantém. A conseqüência de práticas desse tipo é a própria perpetuação da cultura e das práticas que a compõem..............Entretanto, há que se notar o seguinte: não é Skinner quem está, a partir de julgamentos pessoais, qualificando esses comportamentos e suas conseqüências como bons. Ele está, em princípio, tão-somente descrevendo contingências naturais e culturais de seleção do comportamento por conseqüências. É evidente, no entanto, que essa descrição é realizada a partir de uma matriz teórica, e o conceito de descrição não alude, por conseguinte, a uma realidade "objetiva". Skinner não está ordenando, pedindo ou exortando para que trabalhemos por nossa sobrevivência biológica, ou para que busquemos produzir conseqüências reforçadoras para nós mesmos ou para outros, ou para que trabalhemos pelo futuro de nossas culturas. Isso tenderá a ocorrer a despeito da vontade de Skinner ou de qualquer outra pessoa. Há exceções, é claro, mas as contingências seletivas tendem a mantê-las em baixo número: espécies cujos membros não trabalhem por sua sobrevivência biológica tendem a extinguir-se, o mesmo ocorrendo com operantes que não produzam reforço e com culturas que não se ocupem de seu futuro. Assim, o que é "ético" tende a ser selecionado; o que é "antiético" tende a desaparecer. Porém, isso não leva, como pode parecer, ao domínio absoluto do "ético" sobre o "antiético"

O princípio básico da seleção enquanto modelo de causalidade (a permanência do que é bom e o desaparecimento do que é ruim) constitui uma simplificação conveniente de processos extremamente complexos. A evolução jamais alcança uma estabilidade caracterizada pela permanência exclusiva do que é bom. O próprio conceito de seleção só se justifica em um quadro de referência constituído tanto por comportamentos bons quanto ruins - dado que, se todos os comportamentos fossem bons, todos seriam selecionados. Nesse caso, obviamente, o conceito perderia seu sentido. Além disso, um princípio amplamente aceito pelos teóricos da evolução filogenética encontra correspondência também nos demais níveis seletivos: os organismos, durante sua evolução, perseguem um "alvo móvel"; isto é: o que é bom hoje pode não sê-lo amanhã - e a própria mobilidade deste alvo é, em grande medida, determinada pelo comportamento do organismo que o persegue (Lewontin, 1998/2002, p. 63).

domingo, 20 de abril de 2008

Neurofisiologia da memória

1. Introdução

Fundamentação Teórica

2.1 Teorias e Modelos: As primeiras tentativas de explicação

2.2 A memoria possivel

2.3 Aprendizagem: Aquisição de dados para pensar e agir

2.4 Os defeitos da memoria

2.5 A construção da autobiografia

2.6 Lembrar sem saber

2.7 Modulação da memoria

2.8 Mecanismos celulares e moleculares

3. Conclusão

4. Referencia Bibliográfica






1. Introdução

Dentre todas as nossas capacidades mentais,uma das mais importantes com certeza é a memória.É com ela que guardamos tudo o que aprendemos,tudo o que vemos e vivemos.podemos dizer que sua participação é muito importante na formação de nosso repertório comportamental.Ela nem sempre é consciente,as vezes,algo torna-se tão comum a ela que nem mesmo nos lembramos que sabemos,ela é nossa memória.
Nossa memória subdivide-se em memória ultra-rápida, que dura frações de segundos. A usamos para dar continuidade as atividades que estivermos fazendo naquele momento.A de curta duração,que dura minutos,ou horas,e que garante a continuidade do presente,e a de longa duração,que garante o registro do nosso passado auto-biográfico.
Quanto a natureza de nossa memória, ela ainda subdivide-se em: memória explícita que pode ser descrita por meio de palavras,memória episódica,que guarda fatos seqüenciados,memória semântica, que funciona como um dicionário,memória implícita, que não pode ser declarada por meio de palavras, a memória de representação perceptual, que é nossa memória pré-consciente, memória de procedimentos, que são nossas habilidades “automáticas” , a memória associativa, que é responsável pelo condicionamento operante e clássico, a não associativa,que promove habituação ou sensibilização, e a memória operacional, que permite o raciocínio e planejamento de comportamentos.
Nem tudo é bela na memória.Existem nela diversos distúbios,como amnésia retrógrada,amnésia anterógrada, doença de Alzheimer, a falta de vitamina B1 (tiamina) e o alcoolismo que também levam a perda da memória para fatos recentes,e também diversos outros males ligados a memória.
Diante de tantas subdivisões, pretendemos com esse trabalho esclarecer um pouco mais a respeito dessa nossa capacidade mental chamada memória.Os detalhes serão melhor apresentados conforme a evolução do mesmo










2.1 Teorias e Modelos: As Primeiras Tentativas de Explicação


A memória é a capacidade que têm o homem e os animais de armazenar informações que possam ser recuperadas e utilizadas posteriormente. O primeiro deles é a aquisição, seguindo-se a retenção. Tipos e subtipos de memória são: A memória ultra-rápida, de curta duração e a de longa duração. O numero de informações que recebemos diariamente é imenso, muito maior do que o que realmente incorporamos à nossa historia de vida.
Os animais com lesões no córtex cerebral apresentavam um desempenho pior, precisando de tempos mais longos para encontrar a saída do labirinto. Que a memória tinha localização distribuída no sistema nervoso. As demais funções neurais careciam de localização precisa, sendo representadas igualmente em todas as regiões.
Um aluno de Lashley, o canadense Donald Hebb (1904-1985), levou á frente a concepção antilocalizacionista da memória. Imaginou que, quando um evento fosse percebido por uma pessoa, certos circuitos do neocórtex seriam ativados. Esses circuitos, então, “representariam” o evento, e a sua evocação (lembrança) consistiria na reativação. Na década de 40, quando Hebb criou o seu modelo, as sinapses eram ainda uma hipótese, mas ele imaginou que as conexões mais ativas seriam fortalecidas e estabilizadas, enquanto o contrário ocorreria com as conexões que permanecessem inativas.
Um outro psicólogo, David Marr, já no final da década de 70, elaborou um modelo computacional a partir dos conceitos de Hebb. Surgiu então a idéia de redes neuronais. Marr sugeriu a existência de um processador separado que armazenaria as memórias temporariamente para depois transferi-las ao córtex.

2.2 A Memória Possível

Por ser uma característica bem desenvolvida na espécie humana, e de natureza bastante introspectiva, não é difícil para qualquer um de nós imaginar os processo mentais utilizados na memória.
Seqüência de Processos ou Processos sem Seqüência?
O primeiro dos processos mnemônicos é a aquisição, que consiste na entrada de um evento qualquer nos sistemas neurais ligados à memória. Aquisição ocorre uma seleção: como os eventos são geralmente múltiplos e complexos, os sistemas de memória só permitem a aquisição de alguns aspectos mais relevantes para a cognição, mais marcantes para a emoção. Após a aquisição dos aspectos selecionados de um evento, estes são armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, ás vezes por não mais que alguns segundos. Esse é o processo de retenção da memória.
Com o passar do tempo, alguns desses aspectos ou mesmo todos eles podem desaparecer da memória: é o aquecimento. Isso significa que a retenção nem sempre é permanente – aliás, na maioria das vezes é temporária. Algumas formas de memória, a capacidade de retenção é finita e parece não ultrapassar um pequeno numero de itens de cada vez. Tendemos a reter mas facilmente os primeiros e os últimos de uma série, e esquecemos aqueles situados no meio. O esquecimento é uma propriedade normal da memória. Há casos em que o esquecimento é patológico, para mais ou para menos. Chama-se amnésia quando o individuo apresenta esquecimento “demais”, e hipermnésia quando ocorre o oposto. Dentre s vários aspectos de um evento, alguns serão esquecidos imediatamente, outros serão memorizados durante um certo período, e apenas uns poucos permanecerão na memória prolongadamente. Houve consolidação quando o evento é memorizado durante um tempo prolongado, ás vezes permanentemente. É a evocação ou lembrança, através do qual temos acesso à informação armazenada para utilizá-la mentalmente na cognição e na emoção.




Tipos e Subtipos de Memória

A memória pode ser classificada quanto ao tempo de retenção em memória ultra-rápida, cuja retenção não dura mais que alguns segundos; memória de curta duração, que dura minutos ou horas e serve para proporcionar a continuidade do nosso sentido do presente, e memória de longa duração, que estabelece engramas duradouros.
A memória explicita reúne tudo que só podemos evocar por meio de palavras. Pode ser episódica, quando envolve eventos datados, isto é, relacionados ao tempo; ou semântica, quando envolve conceitos atemporais. Memória de representação perceptual, que corresponde à imagem de um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. A memória de procedimentos: trata-se, aqui, dos hábitos e habilidades e das regras em geral. Dois subtipos muitos importantes de memória implícita são conhecidos como associativa e não-associativa. A memória não-associativa quando sem sentir aprendemos que um estimulo repetitivo que não traz conseqüências é provavelmente inócuo, o que nos faz “relaxar” e ignora-los.
A memória operacional, através da qual armazenamos temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas, ou para a elaboração de comportamentos, podendo ser descartadas logo a seguir.

2.3 Aprendizagem: Aquisição de dados para pensar e agir

O repertório de capacidades mnemônicas de tipos diferentes começa com a aquisição de informações, isto é com a entrada dos dados selecionados para o sistema de armazenamento da memória.
A aprendizagem é processo de aquisição das novas informações que vão ser retidas na memória. Através dela nos tornamos capazes de orientar o comportamento e o pensamento.
“De certo modo, a memória pode ser vista como o conjunto de processos neurobiológicos e neuropsicológicos que permitem a aprendizagem” (LENT, Robert, 2004, p.594)
A memória diferentemente é o processo de arquivamento seletivo dessas informações pelo qual podemos evocá-las sempre que desejarmos, consciente ou inconsciente e ela pode ser vista como o conjunto de processos neurobiológicos e neuropsicológicos que permitem a aprendizagem.
Todos os animais são capazes de aprender, sua capacidade de aprendizagem pode ser a dois tipos principais, associativa e não-associativa, que se confundem com os subtipos de memória implícita de igual denominação.
Aprender com a repetição inócua do ruído que não se trata de algo ruim, esse subtipo de aprendizagem não-associativa chama-se habituação.
Aprender a esperar algo assustador e colocar-se em estado de alerta para qualquer eventualidade trata-se de outro subtipo de aprendizagem não-associativa de certo modo oposto á habituação, que se chama sensibilização.
Condicionamento clássico trata-se de uma forma de aprendizagem associativa entre dois estímulos. Condicionamento operante ou instrumental caracteriza-se pela associação entre uma determinada resposta comportamental.
O estudo experimental dos tipos de aprendizagem, além de ter contribuído com o conhecimento dos processos psicológicos pelos quais se dá a aquisição da informação para os sistemas mnemônicos, tem sido especialmente útil para o estudo das bases neurobiológicas da memória. Isso porque possibilitou a elaboração de diversos experimentos engenhosos com animais, associados a lesões de regiões neurais específicas, o registro da atividade elétrica neuronal e até mesmo o emprego de técnicas bioquímicas e moleculares.

2.4 Os defeitos da memória

A maior parte dos dados provêm de estudos de casos clínicos, apesar de o avanço tecnológico possibilitar “ver” o cérebro em ação. Geralmente tenta-se relacionar os problemas de memória com lesões cerebrais, no entanto existem casos, raros, de pessoas com cérebro aparentemente normal, mas que sofrem DCE amnésias ou hipermnésias, por causas de fatores psicológicos.
A localização das lesões pode saer feito pelo estudo da anatomia patológica após a morte ou em vida, utilizando-se os métodos de imagem cerebral morfológica e funcional.

Memória de menos:

O caso do paciente canadense H.M. lembra a história do filme “ Como se fosse a primeira vez”. H.M. sofria de epilepsia grave desde a adolescência, em 1953, quando H.M. tinha 27 anos. Número e a intensidade de crises que sofria diariamente levaram os neurologistas a recomendar uma cirurgia radical, na qual se faria a remoção do focos epilépticos situados no setor medial do lobo temporal, bilateralmente, cirurgia a qual atingiu o hipocampo, no entanto preservou as áreas posteriores ao mesmo.
Examinado várias anos após a cirurgia, foi constatado uma melhora do quadro epiléptico, mas infelizmente também um grave distúrbio da memória.
H.M. relatava ter sempre 27 anos e não se recordava de qualquer fato ocorrido a partir de 1953, nem mesmo dos profissionais da saúde que o atendiam. No entanto se lembrava perfeitamente dos fatos ocorridos anteriormente à cirurgia.
O quadro de H.M. era de uma amnésia anterógrada total, isto é, completa perda de memória para os fatos ocorridos após a lesão de seu sistema nervoso, associada a uma amnésia retrógrada parcial, restrita ao período imediatamente anterior à cirurgia, e tanto mais forte quando mais próxima do momento da lesão cirúrgica.
O caso H.M. permitiu concluir que as regiões do lobo temporal participam de modo fundamental no processo de consolidação da memória explícita, pois a ressonância magnética confirmou que as estruturas do lobo temporal medial é que haviam sido atingidas, sendo elas portanto as responsáveis pelas funções perdidas. Nem a aquisição nem a retenção temporária da memória sofreram alterações com a lesão, já que H.M. se mostrou capaz de aprender tarefas típicas da memória de procedimentos, como novas habilidades motoras, e reter informações de curta duração em sua memória operacional, para utilizá-las em testes que envolviam raciocínio , cálculos e outras operações mentais. Portanto, as funções atingidas pela lesão envolviam especificamente a memória explícita.
A lesão não havia atingido a retenção duradoura das memórias antigas nem os seus processos de evocação. Os déficits apresentados por H.M. se restringiam à consolidação da memória explícita, provocando amnésia anterógrada (incapacidade de reter novas memórias) e retrógrada pré-lesional (incapacidade de consolidar as memórias de curta duração que haviam sido adquiridas pouco tempo antes da cirurgia). Ocorre amnésia retrógrada isolada, por exemplo, em certos casos de lesões do lobo temporal lateral: déficit na memória operacional em casos de lesão do giro supramarginal (situado na fronteira do lobo occipital com o lobo parietal).

Tipos de memória e seus subtipos:

Explícita: semântica - lembrança de fatos e conceitos.
episódica - lembranças de acontecimentos presenciados pessoalmente.

Implícita: de procedimentos - habilidades e hábitos motores.
emocional - respostas emocionais aprendidas.

Memória de mais:

Um jovem repórter que tinha uma fantástica característica: hipermnésia e incapacidade de esquecer. Outro caso real, Sherashevski era capaz de memorizar listas de 70 a100 itens (palavras e números, especialmente). Sua extraordinária memória explícita fez com que deixasse a profissão para ganhar dinheiro exibindo-se em apresentações populares. Mas o que seria uma vantagem tornou-se uma desvantagem. As sucessivas séries de que tinha de memorizar não podiam ser esquecidas, e a cada vez se tornava mais difícil diferenciá-las umas das outras. Sua capacidade de pensar era limitada, porque não conseguia ignorar detalhes para generalizar alguma coisa. Luria investigou o mecanismo utilizado por seu paciente e concluiu que ele apresentava uma anomalia perceptual chamada sinestesia, valendo-se dela para a sua extraordinária memória.
Tudo a ser memorizado era associado a uma imagem visual, a uma sensação corporal, a um cheiro e a um gosto. O número de associações sensoriais que estabelecia com objetos e fatos facilitava a memorização, mas dificultava a compreensão. Ao final, se perdia na compreensão de sentido.
Os casos de hipermnésia são muito raros, e ainda não foi possível compreender sua determinação neurobiológica.

Memória provocada:

Neurocirurgião canadense estimulava eletricamente o córtex cerebral de pacientes acordados sob anestesia local, com o objetivo de determinar com precisão as regiões patológicas a serem removidas. Em um desses casos, ao estimular o giro temporal superior de uma mulher, ouviu dela o seguinte relato: “ – Acho que ouvi uma mãe chamando seu filho em algum lugar.” Em outro momento Penfield estimulou o córtex ínfero-temporal, e obteve da paciente o seguinte: “ – Tive uma lembrança; uma cena de um pátio, onde eles estavam conversando e eu vi perfeitamente em minha memória”.
Desse modo, a estimulação das regiões temporais próximas ao córtex auditivo provoca a evocação de memórias auditivas, ligado a percepções visuais no córtex ínfero-temporal, evocando lembranças visuais.
Atualmente, a localização das áreas do sistema nervoso envolvidas com os vários processos e tipos de memória pode ser feita com muita precisão utilizando as técnicas de imagem funcional, como por exemplo a ressonância magnética

2.5 A construção da Autobiografia

Pode- se dizer que sua memória é sua autobiografia, o repositório das suas vivencias e sentimentos. Quando alguém descreve sua autobiografia, seleciona os aspectos e fatos que mais lhe interessam e que lhe parecem importantes.
Do mesmo modo, a memória não reúne todas as experiências que vivenciamos, mas apenas aquelas que selecionamos- conscientes ou inconscientemene- para serem armazenadas e depois lembradas.
Memória ultra-rápida : O Flash inicial
Como os eventos externos incidem sobre os órgãos dos sentidos,pode-se supor que os primeiros processos mnemônicos incidam sobre os sistemas sensoriais. É a chamada memória sensorial,que não alcança a consciência.
Temos também um outro tipo de memória rápida,de curta duração,que embora seja muito pequena,seja duas ou três vezes maior que a memória ultra-rápida sensorial.Essa memória foi chamada de arquivo icônico para eventos visuais,e arquivo econico para eventos auditivos.
Como não se trata de uma memória consciente,chegando apenas aos níveis sub-corticais, não se fala em esquecimento da memória ultra-rápida,mas em decaimento,sendo que para arquivos icônicos seja de meio segundo,e arquivos econicos, de cerca de 20 segundos.Difere por que precisamos de um tempo maior para processar os sons que ouvimos , e compreende-los.
Memória operacional: O arquivo dinâmico de informações.
Apenas parte das informações será processada na memória de trabalho a cada minuto. Ela destina-se apenas ao fornecimento ao indivíduo de capacidade para reter informações durante o tempo necessário para realizar tarefas durante o dia.Como se fosse uma memória “on line” que o indivíduo possui.
Tendo em vista essa função,a memória operacional lida com dados provenientes da memória ultra-rápida, mas não unicamente dela: utiliza também informações armazenadas na memória de longa duração.
Com base nas evidências da neurologia clínica e experimentos fisiológicos, considera-se que a memória operacional é constituída por um componente executivo conhecido como executivo vísuo-central e dois componentes de apoio: um deles visuo-espacial e outro fonológico.
Os indivíduos com déficits na memória operacional não apresentam qualquer deficiência na memória explícita de longa duração,o que indica :que esses dois sistemas mnemônicos são dissociados, ou seja, operados por regiões cerebrais diferentes, e que a memória operacional não é essencial para o armazenamento de longa duração.
Através de testes,como o de Wisconsin os neuropsicólogos estudam as funções das regiões pré-frontais do cérebro na memória,C
Com base em alguns resultados, os neurofisiologistas concluíram que o córtex pré-frontal está mesmo envolvido com a memória operacional, e passaram a estudar a atividade de neurônios dessa região durante os testes com retardo em macacos. Detectaram a presença de células cuja atividade cresce durante os períodos de visualização do cartão inicial e do cartão final ( teste feito pelos neurofisiologistas) e também em outras cuja atividade cresce durante o retardo.
O córtex pré-frontal sedia o componente executivo da memória operacional, cuja função é coordenar as informações visuo-espaciais armazenadas no córtex parieto-ociptal direito e as informações fonológicas arquivadas no córtex perieto-ociptal esquerdo.
O lobo temporal medial participa também dos mecanismos de um tipo de memória operacional chamada memória relacional,que permite a foirmação de um tipo de mapa cognitivo de relação dos eventos de cada momento com o espaço externo no qual o indivíduo se encontra.
Através dos estudos,os neurofisiologitas estabeleceram que todo um conjunto de regiões participa dos mecanismos de memória operacional, destinados a fornecer-nos dados para raciocinar e agir, armazenando por alguns segundos ou minutos algumas das informações que continuadamente chegam ao nosso SN através dos sentidos e de nossos próprios pensamentos.
Memória Explícita : O arquivo duradouro
Em paralelo com a memória de curta duração, uma outra seleção de informações tem lugar no sistema nervoso central durante a construção da nossa autobiografia. Trata-se da memória de longa duração, especialmente da memória explicita. O “objetivo” é prover a nossa mente com um enorme arquivos de dados que possam ser evocados a qualquer momento, sempre que necessário.
Todos envolvidos nos mecanismos da memória, o hipocampo, situado mais medialmente e constituído por diferentes regiões cito arquitetônicas ; o córtex entorrinal, assim denominado por se encontrar “para dentro” do sulco rinal, o córtex perirrinal e o córtex para-hipocampal. Além disso, retirou também uma estrutura mais rostral chamada amígdala. O papel de cada uma dessas regiões do lobo temporal tem sido gradativamente esclarecido, principalmente pela análise comparativa de diferentes casos de amnésia, mas também pela realização de experimentos em macacos.
A participação do hipocampo foi investigada utilizando macacos submetidos a lesões cirúrgicas do lobo temporal medial. Esses estudos, revelam diferentes em relação aos seres humanos. Os macacos eram submetidos ao tese de comparação de amostra com retardo. O desempenho não alterou pois não havia afetado a memória operacional.
A duvida levantada pelos experimentos em macacos quanto a diferenciação entre a participação do hipocampo e a participação das regiões corticais adjacentes na memória humana é esclarecida quando se analisam outros pacientes. Em certos casos ocorre amnésia retrógrada isolada, como é típico da doença de Alzheimer e de uma infecção com o vírus do herpes que atinge o sistema nervoso central.
É possível concluir que o hipocampo não é o sítio onde estão armazenados os engramas da memória explicita, mas a estrutura coordenadora do processo de consolidação desses engramas, que provavelmente se realiza em outros setores do córtex.
A analise das conexões do hipocampo, entretanto, revela que ele possui conexões importantes também com o diencéfalo- os corpos mamilares dói hipotálamo e indiretamente, com os núcleos anteriores do tálamo. As amnésias diencefálicas-predominantemente anterógradas -são freqüentes nos alcoólatras graves que apresentam a conhecida síndrome de Korsakoff e lesões disseminadas no diencéfalo que atingem principalmente o tálamo e os corpos mamilares.
A hipótese mais provável, aceita por muitos neurocientistas mas ainda não comprovada,é a de que cada região cerebral de processamento complexo armazena informações sob comando hipocampal. Assim,é provável que sejam armazenados nas diferentes áreas do córtex ínfero-temporal que realizam a percepção de objetos. Os arquivos léxicos e fonéticos sejam armazenados na área de Wernicke e suas vizinhas- o amplo conjunto de áreas corticais situadas na confluência dos lobos temporal, parietal e occipital, e assim por diante. O mesmo se pode supor para a memória implícita de longa duração devem estar situados nas regiões motoras do córtex, núcleos da base do cerebelo.
Um indicio importante de que essa hipótese pede ser verdadeira provem de experimentos de registro eletrofisilógico no córtex ínfero-temporal de macacos. As células gnosticas dessa região cortical, que respondem a faces e outros objetos complexos aumentam gradativamente sua atividade elétrica quando são estimulados repetidamente com o mesmo estimulo.
Essa característica foi interpretada como um correlato do processo de memorização do estimulo, que possivelmente leva ao estabelecimento definitivo do engrama correspondente no córtex ínfero- temporal

2.6 Lembrar sem saber


Nem toda memória é consciente, memorizamos muitas coisas do que nos damos conta a cada momento, essa é a memória implícita
Memória de representação perceptual
A memória de representação perceptual trata-se de uma identificação com base na forma e na estrutura do objeto, sem que seja necessário saber seu nome ou sua função. A existência desse tipo de memória foi comprovada pelo estudo de pacientes com lesões no córtex visual ou no córtex auditivo, e que permanecem capazes de reconhecer certos objetos sem, no entanto, saber o que são e para que servem. Através desses pacientes, além disso, concluiu-se que os engramas dessa memória são armazenadas nas áreas corticais sensoriais.
Duas características da memória de representação perceptual: a repetição, para consolidá-la e o fenômeno da pré-ativação, necessário para a evocação.
Hábitos, habilidades e regras
O outro tipo de memória implícita que depende de repetição é a memória de procedimentos. Trata-se aqui dos hábitos, habilidades e regras, algo que muitas vezes memorizamos sem sentir e utilizamos sem tomar consciência, depois e consolidada, a memória de procedimento é muito sólida. É interessante notar que memória de procedimentos é semelhante ao condicionamento operante, no qual se associa um estímulo a uma resposta.
O experimento indica que a memória dos hábitos, habilidades e regras é primariamente inconsciente, embora possamos reconstruir das ações memorizadas – a posteriori – uma lógica coerente que nos faça adquirir uma memória explicita delas. Outra indicação de que isso é verdade vem dos pacientes com amnésia. Aqueles – com HM – que têm deficits da memória explicita têm, no entanto, inteira capacidade de aprender procedimentos. E há outros casos de pessoas com deficits específicos da memória implícita sem qualquer alteração da memória explicita.
É interessante notar que, de certo modo, a memória de procedimentos é semelhante ao condicionamento operante, no qual se associa um estímulo a uma resposta. Trata-se então de um exemplo de reconciliação conceitual entre os antigos psicólogos comportamentalistas, que encaravam o sistema nervoso como uma caixa preta de mecanismos insondáveis, e os neuropsicólogos contemporâneos, que buscam correlatos neurais para os fenômenos psicológicos.

2.7 Modulação da memória

Todas as funções do sistema nervoso podem ser moduladas. Isso significa que o seu funcionamento pode ser ativado ou desativado, acelerado ou desacelerado, fortalecido ou enfraquecido segundo as necessidades de cada momento. Também a memória pode ser modulada, isto é, pode ser fortalecida ou enfraquecida por situações que dão contorno aos eventos.
Os sistemas moduladores consistem, em conjuntos diversos de fibras que terminam de modo difuso em vastas áreas do SNC. Essas fibras se originam de núcleos localizados no tronco encefálico, no diencéfalo e no prosencéfalo basal, e apresentam a característica marcante e atuar por meio de certos neurotransmissores bem conhecidos, especialmente as catecolaminas e a acetilcolina.
Dentre todos esses sistemas moduladores, entretanto, um deles desempenha um papel de maior relevo pelo fato de associar as emoções (e suas repercussões em todo o organismo) com a memória. A amígdala é na verdade um complexo de núcleos (complexo amigdaloíde) tem grande participação na fisiologia das emoções. Um dos grandes componentes desse complexo é hoje reconhecido como modulador emocional da memória, o grupo bassolateral. Esse grupo de núcleos emite projeções especialmente para o hipocampo e o córtex entorrinal, duas das regiões corticais que participam justamente do processo de consolidação da memória explícita.

2.8 Mecanismos celulares e Moleculares

Todos os fenômenos básicos da memória foram demonstrados em diferentes animais , até mesmo os mais antigos na escola filogenética como os invertebrados. Todos os animais são capazes de aprender , e demonstram isso através de mudanças de comportamento em resposta a influências ambientais.Essas características filogeneticamente conservadas da aprendizagem sugere que se poderia considerar a memória como uma propriedade intrínseca do sistema nervoso, presente nele já a partir do seu organismo na natureza, nos primeiros organismos multicelulares .A conseqüência lógica dessa concepção é supor que devem existir mecanismos celulares , e talvez mesmo moleculares subjacentes ao armazenamento de informações pelos circuitos neurais.
Essa hipótese se fortaleceu quando foram descobertos os mecanismos da neuroplasticidade , por definição a propriedade do sistema nervoso de alterar a sua configuração morfológica ou fisiológica sob a influencia dinâmica do ambiente.Uma associação lógica imediata pode então ser feita entre aqueles fenômenos celulares e os fenômenos neuropsicológicos da memória .Asim , a memória de curta duração , que é perdida logo após a sua utilização em alguma forma de pensamento ou comportamento ,seria possivelmente uma conseqüência da permanência dos sinais elétricos produzidos e veiculados pelos neurônios e pela sinapses.Por outro lado,a memória de longa duração ,que em alguns casos dura até o fim da vida , seria possibilitada por alterações estável em um código estrutural mais estável.
Várois fenômenos da plasticidade sináptica se qualificam como possíveis mecanismos celulares e moleculares da memória , particularmente a potenciação e a depressão de longa duração ,já demonstradas no hipocampo , no córtex cerebral, no cerebelo e em outras regiões neurais reconhecidamente participantes de fenômenos mnemônicos .Esses mecanismos são chamados “de longa duração” na escala de tempo eletrofisiológica,mas na verdade poderiam ser os correlatos da memória de curta duração,que são instáveis e passageiros .Às vezes esses fenomenos sinapticos podem prolongar – se na escala de dias, e até já se demosntrou que podem induzir alterações na infra estrutura das sinapses. Nesse caso, essas alterações estruturais seriam is correlatos do fenômeno da consolidação da memória nos engramas estávesi e douradouros da memória de longa duração.

Os Mecanismos das Diversas Formas de Memória

O conhecimento detalhado da filosofia e bioquímica da plasticidade neural, principalmente da potenciação de longa duração (LTP) na área CAI do hipocampo, nos proporciona modelos úteis para abordar os mecanismos de formação das memórias declarativas. Nos últimos anos demonstramos varias coisas, em colaboração com Jorge H. Medina, da Universidade de Buenos Áries, e numerosos colaboradores de nossos laboratórios e de outros.
1) Em CAI as cascatas moleculares envolvidas na formação de memórias simples de aquisição rápida, como a aquisição inibitório são parecidas com as da LTP. Destes últimos processos que ocorrem duas a seis horas após a aquisição da memória, derivam a ativação dos outros genes e a síntese de proteínas essenciais para as alterações morfológicas subjacentes á constituição definitiva das memórias. Em cada passo da cadeia o hipocampo interage com o córtex entorrinal e através desta com córtex pré-frontal.
2) A capacidade mnemônica e mantida por um sistema independente que utiliza outros processos neuroquímicos dentro das mesmas estruturas nervosas: a memória de curta duração .
3) Os sistemas neurais e neuroquímicos são encarregados da evolução das memórias: em CAI e nos córtices enterronal, parietal e cingulado intervêm receptores glutamatérgicos metabotrópicos e as cascatas da PKC, PKA e fundamentalmente MAPK.
4) Tanto a formação como a evocação das memórias de curta e de longa duração são fortemente moduladas por vias relacionadas com a vida emocional. Essa modulação se estende durante horas e age no hipocampo e no córtex entorrinal, parietal e singulado. Sua hiperativação pelo stress pode produzir os conhecidos “brancos”.


3.Conclusão

Através deste trabalho, percebemos o quanto é importante o papel da memória em nossa vida. Ela é necessária em toda e qualquer atividade de nosso dia a dia,como a memória ultra-rápida,que nos ajuda nas atividades momentâneas,como se fosse a memória on-line do ser humano,que pode ser comparada a memória RAM de um computador,a memória de longa-duração,através da qual formamos nosso modo de ser,que é onde fica nossa memória auto-biográfica.
Aprendemos como se chegaram às teorias que temos hoje a respeito da memória,lendo a respeito dos testes como os do labirinto aquático, sobre os experimentos de Lashley, e outros. Vimos que ao longo do tempo,foram descobrindo e redescobrindo onde a memória fica armazenada no nosso cérebro,como foi proposto por Lashley, que dizia que a memória ficava distribuída ao longo do nosso sistema nervoso, mas ainda hoje, a localização exata das áreas da memória é uma tarefa muito problemática como também o entendimento exato da função da própria memória.
Como em toda a ciência, temos ainda muito a aprender a respeito da memória, e os estudos não param por aí, cada dia mais descobrimos coisas novas a respeito dessa nossa capacidade de guardar experiências e fatos do nosso dia a dia

1. Referencia Bibliográfica

LENT,Robert. Cem bilhões de neurônios. Conceitos Fundamentais da Neurociência. São Paulo: Atheneu,2004. p. 698. Cap. 18 p. 587-617.


Esequias Caetano de Almeida Neto.Trabalho apresentado na faculdade.